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Em promessa e sonho, o desejo de um viver risonho

Quando a vida começa, cada um aqui vai vivendo, se encaminhando sem pressa…

É o viver acontecendo e os fatos da nossa história se entrelaçando e nos fortalecendo.

Tudo é para o bem e acontece de forma natural, mesmo o que dói, o que frustra, o que enraivece e traz a dor de forma exponencial.

É sim, um lugar difícil de viver e desafiador de compreender, mas até no que traz sofrimento e dilacera o coração, tem lição e escolha para quem assim decide escolher.

No momento, cegueira e escuridão, que aos poucos, para quem segue no fluir da vida, possibilidade de aprendizado e ponte entre dor e missão.

É pegar toda a força que ainda resta de vida e transformar em potência o sofrimento para encontrar sentido na história que ainda vai ser vivida.

Esses são os passos da Ofélia entre tanta dor, que a levaram para um caminho de ressignificação e missão repleto de amor e valor.

Teve infância humilde, alegre, onde viveu muitos ensinamentos e viu no pai e na mãe exemplo de união e da instituição do casamento.

Pai, com sua disciplina, vontade e dedicação, foi referência e inspiração.

Num primeiro momento resolveu modelo repetir, deixando tudo em segundo plano, quando sua própria família começou a surgir.

Queria ser a melhor esposa, mãe e aos seus e ao lar se dedicar, assim como viu acontecer em casa com pai e mãe depois do altar.

Mas o que era modelo, em sua trajetória virou pesadelo.

E quando seu par foi embora, mulher forte e corajosa se aventurou mundo afora.

Aceitou o que vinha, proveu e educou com o melhor que tinha.

No papel de mãe, ainda muito a ser vivido, depois de momento de não mais esposa muito dolorido.

Depois da perda, outra perda ainda maior no caminho. Filho amado, na discordância foi retirado, no arroubo, do próprio ninho.

Fez o melhor que podia diante do momento e teve gesto de amor mesmo diante de tamanho sofrimento.

Pra quem fica, dor, memória e saudade. E lugar de sombra, de tristeza, para quem via no irmão um lugar de paternidade.

E mãe, com tamanha dor no peito, precisou ser fortaleza para cuidar do filho vivo com amor e do mundo exigir respeito.

Teve dor renegada, assistência negligenciada, tudo a tal ponto dela se colocar resiliente, mesmo que muito indignada.

Filho que com ela dividia dor e história, foi piorando a olhos vistos e em momentos de pura angústia buscando terminar sua trajetória.

Ofélia, atenta e cuidadosa, fez o seu melhor no não aceitar dessa atitude tão desesperada diante da vida, tão preciosa.

Mas mãe que é proteção e resiliência, não consegue evitar o que é desejo e sofrimento que busca o cessar da existência.

Em sonho de sono profundo depois de tempos de ininterrupto estado de alerta, com mensagem de próprio filho, tal qual um adeus, foi desperta.

Momento de indescritível desespero, onde tudo foi feito com amor e promessa, sem deixar tomar conta o destempero.

Foi o agir no sentimento incondicional, que mesmo em dor e escuridão uniu promessa e sonho que se tornaria razão e potencial.

No sofrimento de mais um filho perder, sentiu vivendo o parto ao contrário, precisando mais uma vez se despedir e desprender…

Momento que foi marco de maior e mais profunda mudança, que no que jurou transformar se faria acolhimento, conhecimento e colo de esperança.

Fez brotar força da vida mesmo dentro da morte e se colocou fazendo caminho e própria sorte.

E tal qual exemplo do pai como inspiração, retomou caminho próprio de estudo e graduação.

Cuidar de quem tem o peito dilacerado pela ausência, através de quem precisa de apoio e cuidado na experiência.

Olhar para o todo e para todos com a grande missão de orientar, trazendo o tema da vida e do viver para sobre morte e luto poder falar.

Sabe que a Ofélia que se transformou nunca foi a Ofélia que um dia, no passado, sonhou.

Mas sabe também que assim como a sua história pode mudar, hoje sabe que a vida de outras pessoas pode ressignificar.

Uniu promessa e sonho nascidos com a despedida, para se fazer potência no que iniciou depois das perdas, com um lindo sopro de vida.

E mesmo quando o mundo não se mostrava a favor, mulher resiliente encontrava e entregava seu valor.

Sabe que viver é uma dádiva e na sabedoria, encontrou forças e manteve o amor como companhia.

Se manteve na essência alegre de criança, que ficou viva dentro dela fazendo guiança.

E no único destino possível de quem também se tornou exemplo e inspiração, fez da promessa e sonho um viver risonho e de sua história sua grande missão.