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Olhos da alegria

Quem escolhe olhar com alegria, jamais enxerga vida vazia. Enxerga o bem, o bom em todo e qualquer lugar. Busca sempre, a doçura do olhar, ter e alimentar.

Desde pequena foi assim. E sem ninguém pra ensinar. Liane simplesmente tinha, sentia e via, tudo com alegria no olhar. O que pra outro podia ser dor, ela escolhia ver amor. O que pra outro soava problema. Seus olhos escolhiam tudo virar poema.

Estar aqui. Estar lá. Estar em qualquer lugar. Mais do que terra firme, era a forma certa de olhar. Esse olhar via em todo lugar felicidade, mesmo depois de crescida e tendo que encontrar maturidade.

Na ânsia dessa alegria, não via desafio nem maldade. Precisou lidar com o medo e a coragem. Entender nessas medidas a balança. Buscava amor, construção. Tinha olhos na esperança. Ainda que liberdade tolhida. Ainda que na força testada, Liane sempre investia seu tempo, na melhor vida desenhada.

Os filhos, os olhos da alegria multiplicaram. A família, a força e a coragem reafirmaram. Lutou com toda a garra, mas foi destino que desfez amarra. Tristeza que liberta. Nova etapa que se fez certa.

Caminhando sempre pra vida, de olhos e peito aberto. Lágrimas do rosto correram, mas os olhos para a felicidade nunca esmoreceram.

Tristeza não faz morada. Recolhe, acolhe e ruma para a próxima parada. Revisitar o não vivido. Descobrir luz no escondido. Levar alegria por toda parte. Fazer de todo momento música. Beleza. Arte!

E olhar que tanta beleza enxergava, brilhou para o novo amor que chegava. Amor manso. Amor calma. Amor daqueles que abrem a janela da alma. Ganhou o mundo de novo. De novo o amor fez opção. Vive, sonha. Faz desse amor, todos os dias, construção.

Recomeço. Novo capítulo da história. Não quis padrão. Não quis regra. Quis ouvir o coração e começar construir nova memória. Mesma alegria. Mesmo olhar. Nova chance. Novo lar.

Sem medo e sem sofrimento, hoje não abre mão de ser inteira. Incompleta não cabe mais. Mas o olhar com alegria, o enxergar com felicidade, esse ela não perde jamais.